Um dos meus livros favoritos é Incrivelmente alto, Extremamente perto não quero contar nenhum spoiler (mas recomendo muito que vocês leiam, só quero falar de uma passagem importante. Uma personagem deseja dizer pra irmã que a ama, mas acha que não é o momento certo. Ela pode dizer amanhã. Ela vai incomodar agora, a irmã está quase dormindo e é estranho dizer eu te amo assim do nada. Ela deixa pra depois. Pra um momento melhor. Que nunca chega.
Eu ando extremamente incomodada com a nossa falta de tempo pra amar. E não falo só do amor romântico, falo de nossas famílias, nossos amigos. Nos acostumamos a só conversar virtualmente. A resumir os sentimentos rapidinho pra que eles caibam em mensagens de Whats. Nem ligar pra quem gostamos no aniversário ligamos mais (eu sou antiquada, gosto de ouvir a voz das pessoas e gosto de pelo menos poder transmitir minha alegria pra quem eu gosto muito através da minha voz.)
Há um motivo pra fazermos isso e nos acostumarmos tão fácil a não ver, não estar, não dizer. Acreditamos que sempre haverá tempo. Não pode ser hoje, mas com certeza amanhã, depois, no mês que vem. Agora tá corrido, mas com certeza daqui a pouco dá. Olha só, quem sabe uma folguinha na agenda pra um abraço rápido quando chegarem as férias.
A verdade é que não existe outro tempo além de agora. O resto é mistério, pode não chegar nunca, pode acabar em um segundo. E aí o que fica é a saudade, com todo o seu senso de urgência, essa dor de querer ver a pessoa AGORA e não poder mais. E o peso de um monte de palavras não ditas e abraços vazios.
Infelizmente, a única coisa que nos faz perceber a fragilidade das nossas vidas é nos depararmos com a morte, com a doença. Quando fica claro que podemos perder quem amamos, todo o resto empalidece, todo tempo do mundo não é suficiente, sempre queremos mais. Por que só declarar o amor quando ele está partindo? E quando somos surpreendidos pela perda inesperada, pra qual não há preocupação ou despedida?
A facilidade da comunicação nos faz subestimar a importância do contato. Poder falar com qualquer um a qualquer hora, em qualquer parte do mundo é maravilhoso, mas tenho a impressão que nos tornou preguiçosos. Podemos sempre adiar o real e disfarçar com o virtual. Mas a verdade é que nada substitui a presença.
Sua vida está acontecendo agora.
Me incluo como culpada em todas as reflexões que fiz nesse texto. Ultimamente trabalho demais e tenho tempo de menos, tento compensar dizendo mais eu te amo, mas ainda é pouco, sei que é pouco. Talvez esse texto sirva pra todos nós, pra adiarmos menos e encontrarmos mais. Você não vai lembrar das noites que virou trabalhando, mas das conversas significativas de madrugada, dos beijos, do carinho. A verdade é que em algum momento, a perda é inevitável. O arrependimento pelo não dito ou pelo tempo desperdiçado é opcional.
“Essa é a verdade, Oscar. É sempre importante. Eu te amo”
Carolina de Biagi é consultora de estilo e formada em organização de casamentos pelo SENAC. Além de escrever pro blog O Pedido, ela também escreve sobre estilo, moda e auto – estima no blog Um Unicórnio Fashionista. (www.umunicorniofashionista.wordpress.com) e no Volta, Carolina ( www.voltacarolina.wordpress.com)